O 7º Encontro do PSOL Niterói homenageia três lutadores do partido que fizeram história em nossa cidade e hoje vivem em nossa memória e lutas. Daniel do Vale dá nome ao Setorial das Pessoas com Deficiência, Lurdinha Metalúrgica dá nome ao Setorial Sindical e Popular e João Batista - JB dá nome ao Núcleo Santa Rosa.
Conheça um pouco mais sobre cada um:
Daniel do Vale
Ouça o texto a seguir:
Daniel do Vale foi Presidente da UNES e militante do movimento estudantil na UFF. Participou da construção do PSOL desde o seu início, em especial o PSOL Niterói. Enquanto era estudante adquiriu esclerose múltipla, doença autoimune, que o deixou cego.
Lutou incessantemente pelos direitos das pessoas com deficiência e pelo direito a tratamento e acesso a remédios pelo sistema público, para impedir o avanço dos sintomas. Organizou atos públicos com Marcelo Yuka contra a falta de fornecimento regular pelo governo estadual de medicamentos para pacientes com esclerose múltipla e para chamar a atenção para as pessoas invisibilizadas e conquistou adeptos e transformou-se em um movimento coletivo. Um dia, em frente à Alerj, Daniel queimando um boneco disse: “Vim aqui queimar esse boneco para que ele represente o ser humano ardendo nesse nosso sistema de saúde pública”.
Foi Conselheiro do Conselho municipal da pessoa com deficiência. Sua atuação no conselho e nas diversas conferências chamavam atenção por seu radical posicionamento na luta por direitos das pessoas com deficiência. Seu sonho era criar o Setorial das pessoas com deficiência no PSOL Niterói com política e que fizesse a defesa desse segmento.
Lutou até seus últimos dias, carregava as dores do mundo no peito e sua existência era incompatível com uma ordem pautada pelo lucro, era um erro no sistema! Em 27 de julho de 2011, ele nos deixou! Por Daniel e todas as pessoas com deficiência, hoje o setorial de acessibilidade é uma realidade e a lembrança dele estará presente com seu nome e sua luta que é nossa, como expressão de sua presença, mas também da dádiva (presente) que foi sua vida.
Lurdinha Metalúrgica
Ouça o texto a seguir:
Lurdinha enfrentou por toda a vida todas as piores dores de ser uma mulher, metalúrgica, negra, periférica, evangélica, militante sindical e ecossocialista. Mas sempre com a cabeça erguida e o coração transbordante de amor e generosidade. Sorriso largo nos lábios seguiu firme nas lutas, sem perder a ternura.
Foi uma honra conviver e lutar do lado de Lurdinha. Ela fez História. Tomou parte das grandes greves do ABC paulista nos anos 70 e 80 e ajudou a fundar a Central Única dos Trabalhadores. Era a única mulher a bordo da Plataforma P-36 que afundou na Bacia de Campos. Sobreviveu a essa e a muitas e tantas adversidades.
Organizava e liderava os movimentos em uma categoria majoritariamente masculina, com o respeito que a vida lhe impunha garantir. Militou no PSTU e depois no PSOL. E fez parte da construção do movimento SOS Emprego e do Braços Dados. Caiu doente em meio a sua primeira campanha a vereadora de São Gonçalo.
Mesmo nas condições mais adversas, Lurdinha lutou até o fim pela própria vida e em em defesa da classe trabalhadora e do Socialismo e Liberdade. Merece toda a nossas solidariedade e homenagens.
Lurdinha morreu muito debilitada pelo câncer e em condições de vida difíceis, apenas amenizadas pelo amor e cuidado de sua família querida e pela solidariedade interna de companheiros de luta. Hoje sua memória está homenageada no nome do Setorial Sindical e Popular do PSOL Niterói.
Muito duro perder uma companheira como a Lurdinha numa conjuntura tão pesada como esta que enfrentamos. Cabe agora a nós, companheiras e companheiros, seguir na luta para que a luta de Lurdinha e a sua vida não tenham sido em vão.
João Batista - JB
Ouça o texto a seguir:
João Batista de Andrade começou a militar cedo. Ainda jovem, tendo sido aluno do Salesianos, Abel e Liceu, foi representante dos secundaristas na luta pelo passe livre. Mais tarde, na Faculdade Nacional de Direito, foi vice-presidente do CACO LIVRE (Centro Acadêmico Cândido de Oliveira), iniciando ali sua luta contra a ditadura civil-militar.
Expulso da faculdade após o AI-5 – Ato Institucional que representou o ápice da barbárie daquele período, suspendendo e caçando direitos políticos, institucionalizando a repressão e aprofundando a perseguição, tortura e assassinatos de opositores políticos –, acabou mudando de rota e ingressando na Faculdade de História da UFF.
“JB do Caco”, como foi apelidado na época em que cursava Direito, tornou-se professor, dirigente sindical e foi fundador do PT Niterói, em 1981, mais tarde passando pelo PDT de Brizola e Darcy Ribeiro.
Em 2004, juntou-se aos “Radicais do PT”, que não aceitaram a reforma da previdência de Lula e Henrique Meirelles, ajudando a coletar assinaturas para a fundação do PSOL. Militante histórico da cidade de Niterói, JB voltou a se radicalizar a partir da possibilidade de integrar um partido que tenha lado na luta de classes. Hoje seu nome batiza o núcleo do bairro Santa Rosa do PSOL Niterói.
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