A manhã da sexta, 14 de junho, infelizmente foi marcada por um violento episódio de atropelamento contra manifestantes da greve geral, em ato público realizado em frente ao Hospital Universitário Antônio Pedro da UFF em Niterói.
As reivindicações do movimento eram por mais empregos, contra a reforma da previdência e os cortes na educação pública do governo Bolsonaro. Após movimentos sociais, trabalhadores e estudantes ocuparem um cruzamento da Avenida Marquês do Paraná, no centro da cidade, todos os carros, caminhões, motos e ônibus aguardavam a manifestação pública. Com exceção do motorista André Luiz da Cunha Serejo, em um Volkswagen Fox vermelho de placa LSB-1696, que avançou com seu carro por cima das pessoas, atropelando manifestantes e deixando duas professoras, um cientista social e um estudante feridos. Para nosso espanto, após averiguação, descobrimos que o atropelador é um profissional da saúde, fisioterapeuta.
Manifestamos nossa total solidariedade à Marinalva Oliveira, mãe de três filhos, professora da Faculdade de Educação da UFRJ, ex-presidenta do ANDES-SN e secretária geral do PSOL Niterói. Também manifestamos nossa solidariedade à professora Kate Lane, mãe de dois filhos, professora do colégio de aplicação da UFF, ex-diretora da ADUFF SSind e militante do PCB Rio de Janeiro. Por fim, também nos solidarizamos irrestritamente com o cientista social Miguel Tarnapolsky Vieira e o estudante de Direito da UFF Bruno Henrique, que também sofreram escoriações com o atropelamento criminoso.
Não existiu qualquer intimidação ou tentativa de agressão por parte dos manifestantes contra o motorista. Tanto é que outros carros e até mesmo um caminhão que estava ao lado do carro do atropelador se mantiveram parados, sem nenhum problema. Casos específicos de pessoas em situação emergencial também eram devidamente contornados pelos manifestantes. Minutos antes, um carro com uma senhora passando mal foi liberado pelo bloqueio e uma ambulância também atravessou a manifestação.
O avanço do motorista reflete o ódio do atropelador contra o direito à livre expressão e manifestação de um grupo político com o qual ele não concorda. O discurso de ódio e de entendimento do diferente e do divergente como inimigo é próprio da lógica fascista e vem sendo o discurso basilar de muitos dos políticos eleitos pela extrema direita nos últimos anos. A atitude criminosa do motorista não está descolada do incentivo político proporcionado pelo discurso odioso e violento que vem ganhando força no Brasil e no mundo.
Defendemos que o motorista responda ao Judiciário por seu ato covarde, tendo respeitadas todas suas garantias constitucionais. Queremos justiça e lamentamos profundamente os discursos de ódio de pessoas que têm se mostrado, especialmente nas redes sociais, capazes de defender essa tentativa de homicídio e que publicamente afirmam que desejavam ver duas mães, um trabalhador e um estudante mortos. Seguimos na luta por uma nova sociedade, justa, tolerante, democrática e socialista.