Fotos da matéria: Mirins do Estado
Esse ano, no Morro do Estado, aconteceu o dia dia da consciência negra em 19 de novembro (sábado) com a participação de jovens e adultos de espaços populares, fundamentalmente moradores da própria favela, em atividades culturais das mais variadas. A oficina de grafite espalhou desenhos e cores pela favela. O campo de futebol do Morro do Estado esteve repleto de atividades culturais, música e grafite, além de uma deliciosa feijoada coletiva. Em homenagem à morte de Zumbi dos Palmares, o Dia da Consciência Negra tem como objetivo valorizar a cultura negra, com respeito à diversidade étnica, de gênero e religiosa.
O complexo do Morro do Estado é o maior conjunto de favelas da cidade de Niterói, tanto em número de habitantes quanto em densidade demográfica. Constituída por três comunidades: Morro do Arroz, Morro da Chácara e morro do Estado, sendo o último, o maior conjunto que dá nome ao complexo. Sendo uma área localizada no centro de Niterói, e possui como vizinhos os bairros de classe média do Ingá e Icaraí, parte significativa da “zona sul” de Niterói que formam o cinturão urbano que concentra a maior área de serviços e se constitui de uma população majoritariamente branca e com um alto índice de desenvolvimento humano-IDH.
Contudo, apesar da proximidade territorial, o Morro do Estado é marcado pela forte segregação Étnico-espacial em relação aos bairros vizinhos, composta socialmente por trabalhadores negros e negras, migrantes nordestinos, e que não conta com a mínima infraestrutura urbana como: saneamento, coleta de lixo, linhas de ônibus, etc. Além de um baixo IDH, processo que revela o caráter excludente do modelo de cidade que foi acentuado nas últimas décadas; da crise habitacional; do alto custo de vida; do desemprego e das migrações intra regionais, sobretudo da Região Nordeste do Brasil.
O Morro do Estado é um importante cenário que revela as facetas da relação do corte de raça/classe que se manifesta em todas as esferas da vida social brasileira: na economia a população negra aparece na menor participação da renda nacional e na fruição dos direitos sociais (emprego, educação, saúde, moradia etc.); na política, ele está presente no índice maior de violência policial contra negros e no recorte racial presente na ideologia disciplinadora do trabalho assalariado, muito presente no debate sobre a redução da maioridade penal; na cultura, ele está arraigado nos estereótipos racistas, na depreciação estética das feições africanas, no desprezo pelos cultos de origem africana etc. Processo que tende a se intensificar com o crescimento do fundamentalismo religioso no país.
O dia de atividades contou com o apoio de organizações sociais como o Coletivo Negro Minervino de Oliveira, o Partido Socialismo e Liberdade - PSOL, o Partido Comunista Brasileiro-PCB, a União da Juventude Comunista - UJC e RUA - Juventude Anticapitalista, e teve como objetivo central de iniciar uma construção de valorização da cultura negra, com respeito à diversidade étnica, de gênero, religiosa etc. A atividade priorizou a participação de jovens e adultos de espaços populares, fundamentalmente de moradores de favelas.
Mais fotos da atividade você pode conferir na página do PSOL Niterói nas redes sociais.